Ah! Se ela soubesse
Que toda voz emudece
Quando ela passa por mim
E, quando o mundo se cala, eu
posso ouvir cada fala
Que seu corpo fala pra mim
Nem mesmo a lembrança pequena
Torna essa dor mais amena
De um mundo inteiro, enfim.
De Carlos Drummond de Andrade.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.